Temos a MPB, de Cartola a Chico Buarque, com tudo o
que esse leque abrange. E temos a MPB além-mar, que é a Música Popular
Britânica, que vai de Rock ao Brit Pop, com tudo o que esse leque abrange.
Entre (e unindo) as duas, temos a MPB do Huaska, a Música Pesada Brasileira.
Maior prova de merecimento do rótulo é o CD que acaba de sair, “Samba de
Preto”.
É um soco na orelha direita de samba e brasilidade?
Sim. Outra bordoada na orelha esquerda de rock, metal e grunge. Ídem.
“Nunca soubemos responder direito quando alguém
perguntava o gênero da banda. Quando lançamos o 'Bossa nenhuma' (segundo CD)
em 2009, um jornalista de Minas Gerais deu o nome de 'bossa metal' numa matéria
e acabamos falando isso quando alguém pergunta. Mas é uma banda de rock, não
acho necessário rotular disso ou daquilo”, diz o vocalista Rafael Moromizato.
A história da colisão dos mundos – samba e MPB com
rock pesado – aconteceu desde os primórdios da banda. O que era um violão de
cordas de nylon, letras em português embaladas num som vigoroso no primeiro EP,
“Mimosa Hostilis”, em 2003, caminhou para quatro músicas no disco de estreia,
“E Chá de Erva Doce”, de 2006.
No palco, os músicos se revezavam nos instrumentos de
percussão e sempre tinha um violão a acompanha-los, até que no lançamento
seguinte, “Bossa Nenhuma”, de 2008, a mistura dominou toda a receita.
“E neste CD (Samba de Preto) nós chegamos ao
som que sempre quisemos fazer, com Bossa Nova, MPB, samba de raiz misturado ao
peso”, diz Rafael.
Realmente chegaram.
Violão e cuíca abrem o disco em “Ainda Não Acabou”,
música que dá toda a forma do trabalho, do Brasil pra Inglaterra pro mundo. Em
“Foi-se” há o complemento na Bossa Nova que vira metal por tecido tão fino
quanto imperceptível, mas com caimento perfeito.
Aí entra em cena uma diva da verdadeira música
brasileira, Elza Soares, que incorporou o espírito Huaska, gravou a música que
batiza o disco e opinou até nos arranjos de guitarra. Se existia qualquer
dúvida da capacidade artesã do grupo ela se dissipa nesse ponto do trabalho.
Mas ele segue por mais meia deliciosa hora.
Já em “Gávea” e “Avoar” o trabalho ganha um clima de
bateria de escola de samba, e o grupo despeja toneladas de decibéis no que já
pesava uma tonelada. “Gávea”, aliás, segura o clima pré Copa do Mundo no Brasil
como narrativa de pelada, que você encontra pelas ruas do Oiapoque ao Chuí a
qualquer hora de qualquer final de semana.
“A percussão não tira nada do rock, apenas deixava a
brasilidade evidente sem perder a energia de guitarra, bateria e baixo”,
comenta Rafael.
“O Mar” e “Let´s Bossa” têm o clima que dá nome à
segunda, banquinho e violão, sendo que a primeira abre com arranjo de cordas
primoroso e depois vira baladona.
Aí entra bem a mão do produtor do trabalho, Eumir
Deodato.
“Eumir conheceu o Huaska no nosso CD anterior (Bossa
Nenhuma). Quando soube da idéia de misturar música brasileira com rock
deste jeito, ele se interessou pelo projeto e começamos a trabalhar juntos.
Nosso trabalho rendeu bem. Conversamos bastante e cada vez que a gente
trabalhava na música, ia chegando mais perto do resultado esperado. No final da
gravação todos ficaram bem satisfeitos”, aponta Rafael.
O disco tem ainda a
super percussiva “Otelo”, e fecha com cover do clássico “Chega de Saudade” que,
pieguice às favas, entrega chave de ouro ao trabalho.
“Eu vejo pessoas que não ouvem muito música brasileira ouvindo nosso som
e vejo gente que não é muito fã de rock ouvir também”, tenta fechar a equação
Rafael. Mas esta se fecha com a audição do disco.
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Assessoria de Imprensa – “Huaska”
Heloisa Carneiro – heloisa@perfexx.com.br
Vivian
Najjar – vivian@perfexx.com.br